Amo essa canção!

20/08/2010

Autoestima - Blogagem Coletiva Sentimentos

Clarice era jovem, inteligente, cheia de vida e segura de si. Como se não bastasse tudo isso, ainda era linda, de uma beleza estonteante; era invejada pelas mulheres  e desejada pelos homens que a cercavam. Sonhadora  e romântica,  ela esperava pelo príncipe encantado e tinha a mais absoluta certeza de que ele não tardaria a chegar.
Quando conheceu Pedro, em um luau, ficou impressionada com suas palavras bem articuladas, com seus gestos ensaiados e sua inteligência regada a wísque barato. Não demorou mais do que alguns instantes para que ela se apaixonasse perdidamente por ele, e demorou menos ainda para  concluir que Pedro era o homem da sua vida . Com essa certeza no coração  aceitou prontamente quando ele a pediu em casamento, ficando tão radiante que esquecera  que tinha vida própria. Entregou-se , sem reserva, a esse homem, que a partir daquele momento, tornou-se o soberano senhor do seu destino, a quem confiou seus segredos mais íntimos, a quem entregou seu corpo impecável, a quem ofereceu seus sonhos e até mesmo a chave da sua vida, transformando-o  no guardião da sua felicidade.
Pouco a pouco porém, sem se dar conta do que  acontecia ao seu redor, Clarice foi perdendo seu brilho, foi murchando como uma flor que perde seu viço e cabisbaixa olha para o chão, cujo lugar seria, em pouco tempo, seu inevitável destino.
Aquele homem a quem ela entregou-se cegamente, transformou-se  logo depois em seu carrasco. Ele a insultva, a humilhava, a desprezava sem ao menos lhe dizer o motivo pelo qual a rejeitava tanto assim. Enquanto isso, Clarice tentava desesperadamente tocá-lo, beijá-lo, na esperança de que ele voltasse a ser o príncipe que ela um dia acreditou que fosse, porém, quanto mais ela se debatia nessa luta infrutífera, ele ia se mostrando o sapo que sempre fora, e aquela mulher linda e exuberante ia  desmoranando junto com  seus sonhos, com sua alegria de viver, e definhando ela se perguntva:
- Onde, afinal, foi que eu errei? Será que ele me despreza assim, porque deixei  de me vestir adequadamente? Será que não li o suficiente para aumentar minha cultura e  atualizar minhas conversas? Quem sabe se eu comprar um perfume diferente, renovar o estoque de lingerie ou fizer um novo corte de cabelo...Talvez ele volte  a me enxergar.
Com todos esse pensamentos distorcendo sua cabeça, ela saía em busca de todo e qualquer artifício que lhe trouxesse de volta aqueles dias gloriosos de paixão. Apesar de todos os seus esforços, Pedro se mantinha irredutível e a fazia acreditar que agora, além de feia, ela era chata, pegajosa como um chiclete mascado durante horas. Já Clarice...Ela assimilava essas idéias com uma dor mortal; era como se um punhal tivesse sido cravado em seu peito e ela, de fato, passou a acreditar, piamente, que já não era  digna do amor daquele homem, pois  havia se tornado a mais horrenda das criaturas. Pouco a pouco deixou de se alimentar e descobriu na bebida o alento que precisava, quando estava embriagada não pensava, não conseguia enxergar a dimensão de sua dor. O sono, antes excessivo,  foi ficando cada vez mais escasso e ela foi mergulhando na escuridão total, tanto ela quanto seus dias e noites eram feitos da mesma matéria, eram feitos da mesma escuridão inteminável que invadia-lhe as profundezas da alma, que a tornava diminuta diante da vida e não deixava penetrar nenhum raio de sol.
Meses transcorreram e por anos e anos ela ficou imersa naquela sombrio inverno da  sua vida. Até que um dia, meio que sem querer, ela acabou encontrando um filete de luz azul que a conduziu de volta ao reino da sensatez, e ali, ela se deu conta que o seu único erro foi ter deixado de amar a pessoa mais importante da sua vida: ela própria.
Apesar das perdas irreparáveis, dos danos acumulados em todos aqueles anos, ela viu que ainda havia tempo para recomeçar, para recuperar a chave do seu destino, e principalmente, para recuperar um dos seus maiores tesouros, a sua autoestima.

Essa postagem faz parte da Blogagem Sentimentos, proposta pela Glorinha do blog Café com Bolo

21 comentários:

Suzanna disse...

Muito bom Yoyo.
Vi neste texto história de pessoas que conheci, que se entregaram ao amor de quem não soube amar, e assim acntece a pessoa se perde na busca do outro e se perde de si.
Ainda bem que assim como no texto, consegui ver aa recuperação de duas grandes amigas.
E viva a vida!
Bjos
Su

Glorinha L de Lion disse...

Uau Yoyo! Que estória! caiu mas deu a volta por cima...taí uma bela mensagem de esperança pra quem anda desalentado e com a autoestima lá embaixo. Não podemos entregar nossa vida nas mãos de ninguém, ela é só nossa e nos pertence. Belo texto! Votei em vc viu? E na Tati tb, afinal, as 2 estão concorrendo né? beijos.

Françoise disse...

Puxa, parabéns, um texto muito bem escrito.
Uma mensagem de otimismo e motivação para muitos que gostam mais de outros do que de si. Adorei!

Bom final de semana!

Vou agorinha mesmo votar e estarei aqui torcendo.

Beijos

Tati disse...

UAUUU!! Texto maravilhoso! Só por isso merece um voto! Aliás, 2! Um quando cheguei e outro agora, na hora de partir! hehehe
Boa sorte, amiga!
Beijos.

Lúcia Soares disse...

Yoyo, ainda bem que acabou bem.
Quando é assim, vale a pena, por mais que se tenha sofrido.
Vou votar em você, já votei na Tati.
Quando gostamos das pessoas temos que dar nosso crédito a elas.
Beijos!

chica disse...

Dar-se conta que a auto estima não pode ficar lá no chão, é o primeiro passo pra dar a volta por cima e recuperá-la...Linda participação!beijos,chica

ELIANA-Coisas Boas da Vida disse...

NUNCA DEVEMOS AMAR NIMGUEM MAIS DO AMAMOS NÓS MESMAS!
TEXTO ESPETACULAR!
BEIJO

Mauro S disse...

Que maravilha de história, Yoyo, e mais lindo ainda ela ter encontrado uma saída para retornar a sua felicidade.

E que bom que gostas do que eu escrevo, dos meus posts, por mais simples que possam ser.
Beijos e bom final de semana, Mauro

Beth/Lilás disse...

Yoyo, querida!
O mais legal é quando a gente dá a volta por cima, ressurge das cinzas como uma fênix.
E meu voto vai pra você também.
beijinhos cariocas

Isadora disse...

Yoyo, uma linda e triste história e verdadeira. Poderia até ser um conto, mas sabemos que acontece na vida real.
Isso acontece quando depositamos no outro, a total responsabilidade por nossa vida e felicidade. O Amor vira obsessão.
O outro é responsável sim por uma parte de nossa felicidade, mas é bom nos lebrarmos, sempre, uma parte apenas.
Um beijo

Astrid Annabelle disse...

Adorei seu conto..uffa...ainda bem que a Clarice encontrou uma brecha de luz!
Vou votar em você. Depois dessa bela história quem não votaria?
Muito bom Yoyo!
Beijo grande.
Astrid Annabelle

Fátima disse...

Depositar o nectar da vida em mãos que não sejam as nossas é mesmo arriscar ficar sem ar.
Muito boa a história, cair e levantar, isso requer força e luta mas resulta em confiança e logo, em auto estima.
Parabéns.
Beijinho no coração.

p.s. Já votei, votarei mais vezes.

Mônica - Sacerdotisa da Deusa disse...

Oi florzinha!
É...realmente essa história acontece direto, infelizmente participo de perto de casos como este...mas tbm querida, qdo a pessoa acorda do pesadelo, uau, vai com tudo para a vida, vira uma borboleta exuberante!
Beijinhos querida Yoyo.

Flores e Luz.

Nilce disse...

Oi, Yoyo

Demorei, mas cheguei.

Que texto espetacular. Um conto bem realista, muito bem escrito e que serve como reflexão.
Já perdi muitas pessoas amigas pelo mesmo motivo, mas que diferentes da do texto, nunca mais encontraram sua autoestima, e se foram por um amor que acreditaram demais.

Parabéns pelo post!

Bjs no coração!

Nilce

Liliane de Paula disse...

Votei. Como vai sua filha pos acidente?

Ana Maria Braga disse...

Tudo acabou bem isso é bom. A gente tem que ser feliz sem precisar do outro para isso. Nada de colocar essa dependencia em outra pessoa. Mas tudo é aprendizagem. Um ótimo sábado para ti. Bjs

Deia disse...

Yoyo, querida, bravo! Sua história, triste, mas com a virada que nos inspira e nos faz acreditar num mundo melhor, lembrou-me, muito, a história de uma senhora que conheci já no estado de embriaguez em que sua personagem se encontrou. Infelizmente, a da vida real não conseguiu se enxergar mais, e, debaixo de um caminhão, com seu carro, definiu o fim de seu tormento. O homem em questão? Já a havia trocado por outra. Um beijo, que as mulheres nessa situação leiam e consigam enxergar essa linda luz azul que salvou Clarice! Um beijo da amiga, Deia.

Manuela Freitas disse...

Querida Yo-yo,
Peço-te desculpa, mas vc escapou na minha corrida pelos blogues da blogagem colectiva.
Gostei muito do que escreveu, algo muito actual e de que muito se fala, a violência doméstica, onde um vai ter amor-próprio em demasia à custa de provocar uma baixa-estima do outro. É de facto uma situação horrorosa.
Beijinhos,
Manú

Anônimo disse...

Yoyo, voce reproduziu muito bem a historia de milhares de mulheres que nem sempre chegam a descobrir a si mesma.
Parabéns. Já tem meu voto.

beijinhos

disse...

Olá Yoyo, que bom receber sua visita. Obrigada! Li o seu post, adorei e vi nele a história de muitas pessoas que esquecem de si próprias, muitas vezes por um medo maior, o da solidão e acabam ficando mais sozinhas do que nunca. Também ficarei por aqui te acompanhando viu?! Bjosss

Socorro Melo disse...

Olá!

Um tanto atrasada, mas, cheguei.

Adorei a história da Clarice. E quantas Clarices não existem espalhadas por aí? que em nome de um "grande" amor esquecem de si mesmas, perdem suas identidades e autoestimas. Quiçá, todas fossem iguais a essa do conto, que juntou os pedaços de si mesma e retomou sua vida. Parabéns!

Beijos
Socorro Melo